O que fazer com o que fizeram da gente?

O que fazer com o que fizeram da gente?

Existe uma frase muito famosa de Jean-Paule Sartre que diz: “Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim!”.

Eu gosto dela, mas mudaria algo: “O que fizeram de mim importa, mas o que eu faço com o que fizeram de mim importa ainda mais!”.

Muitas vezes nos deparamos com situações onde fazem algo com a gente. Situações onde somos telespectadores da nossa própria história, deixando que o outro protagonize algo que é nosso.

Às vezes ter sido alvo da ação de outro é paralisante. Tão paralisante que parece impossível fazer algo sobre isso. Às vezes dói. Às vezes não tínhamos escolha, ou escolhemos algo que naquele momento parecia o melhor - mas não era.

Acontece, isso é a vida.

Depois desse momento onde nos deparamos com o “feito conosco”, aí sim vem o grande desafio: o que vamos fazer com isso?

E é esse o momento em que nos deparamos com a necessidade de fazer algo do que fizeram com a gente.

A questão é: Agora temos escolha, e tão assustador quanto deixar que os outros façam algo pela gente, é fazer algo - por escolha própria - conosco.

E como saber o que fazer conosco, quando nunca fomos ensinados? Quando apenas ouvíamos os outros e obedecíamos?

Acredito que esse é o ponto de toda questão.

Não apenas sobre fazer algo, mas saber o que fazer, e acima disso, desejar fazer algo.

É sobre isso. O que os outros fizeram com a gente não é um ponto final na nossa história, mas uma vírgula, ou reticências, ou o final de dois parênteses. O que preferir. O texto original, a obra verdadeira só pertence ao escritor.

Você.